Projeto Abramar

Projeto Abramar

FORTES HISTÓRICOS

FORTALEZA DE SANTA MARIA DA BARRA

Os séculos XVII e XVIII

Erguido a partir de 1614 com risco do engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634). Constituiu um comando unificado, entre 1624 e 1694, juntamente com o Forte de Santo Antônio da Barra e o Forte de São Diogo, com os quais cruzava fogos na defesa da barra do porto da Vila Velha, local de Francisco Pereira Coutinho1536), do primeiro governador-geral (Tomé de Sousa1549) e da primeira das Invasões holandesas do Brasil (Johan van Dorth1624). À época desta última, era comandante das três praças Paulo Coelho de Vasconcelos (SOUZA, 1983:170).
desembarque do primeiro donatário da Capitania (
Após a reconquista portuguesa de Salvador, essa primitiva estrutura do forte foi reformada entre 1625 e 1627. Esse triângulo defensivo, rechaçou, nos meses de abril e maio de 1638, o assalto das forças neerlandesas sob o comando do Conde Maurício de Nassau (1604-1679).
A atual estrutura, em alvenaria de pedra e cal, remonta a 1696, por iniciativa do Governador Geral João de Lencastre (1694-1702), com desenho atribuído ao Engenheiro José Pais Esteves, de influência arquitetônica italiana (SOUZA, 1983:170-171). De acordo com iconografia de José Antônio Caldas (Planta, e fachada do forte de Santa Maria. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu reconcavo por mar e terra, c. 1764Arquivo Histórico UltramarinoLisboa), apresenta planta na forma de umpolígono heptagonal, com quatro ângulos salientes e três reentrantes e parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno ergue-se edificação de dois pavimentos abrigando as dependências de serviço (Casa de ComandoQuartel da Tropa e outras), e abaixo dela, a Casa da Pólvora, recoberta porabóbada de berço.
Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 8. Forte de S. Maria (Elevaçam e fasada que mostra em prospeto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos1779Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos.
BARRETTO (1958) informa que estava guarnecido por um Capitão e dois soldados artilheiros, e artilhado com seis peças de ferro (uma de calibre 24 libras, duas de 18, uma de 12 e duas de 8) (op. cit., p. 191).


O século XIX


Forte de Santa Maria: mapa de localização.
Em 1809 estava artilhado com dezoito peças, três das quais imprestáveis, assim como a fortificação (SOUZA, 1885:92). Acredita-se que o autor tenha se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, em 1809, de propôr as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo (in: ACCIOLI. Memórias Históricas da Bahia. Vol. VI. p. 179 e segs). GARRIDO (1940) segue a informação de SOUZA (1885), porém considerando o ano como 1808 (op. cit., p. 86).
Ocupado pelos revoltosos durante a Sabinada (1837-1838), ao abandoná-lo os rebeldes levaram doze de suas peças para combater as tropas imperiais em outras partes de Salvador. Após o conflito, foi desarmado.
No contexto da Questão Christie (1862-1865), o "Relatório do Estado das Fortalezas da Bahia" ao Presidente da Província, datado de 3 de agostode 1863, dá-o como reparado, citando:
"(...) É de figura irregular, tendo a figura de um hectogono com o perímetro de 514 palmos, do qual os dois lados da entrada e partes dos adjacentes, na extensão de 200 palmos são ocupados pelos quartéis e mais acomodações do pessoal e material do Forte.
Monta 8 peças do calibre 24 e outras tantas canhoneiras existentes, e tem banquetas próprias ao emprego da infantaria.
Está convenientemente reparado, sendo somente de notar que não existem plataformas, pelo que os reparos assentam sobre o mesmo solo do terrapleno, o qual, não sendo calçado com lajedos, e embora apresente uma superficie unida e regular, não oferece contudo ao jogo do reparo a necessária resistência, e nem na declividade da superfície o conveniente modificador do recuo: entretanto este Forte está bom, e pode prestar os serviços que seus recursos permitem." (ROHAN, 1896:51, 57)

Do século XX aos nossos dias

O Brasão Imperial, sobre a entrada, sobreviveu à Proclamação da República Brasileira, sendo digno de nota, assim como a fachada sul da Casa de Comando, recoberta de telhas, tratamento impermeabilizante comum, à época colonial, na região soteropolitana (SOUZA, 1983:171).
Para os aficcionados da telecartofilia, sua fachada e acesso ilustram um cartão telefônico da série Fortes de Salvador, emitida pela Telebahiaem junho de 1998.


Nota da Abramar: A fortaleza é tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) e esta atualmente precisando de reformas e manutenção.

Bibliografia

  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
  • FALCÃO, Edgard de Cerqueira. Relíquias da Bahia (Brasil). São Paulo: Of. Gráficas Romili e Lanzara, 1940. 508 p. il. p/b
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • ROHAN, Henrique de BeaurepaireRelatório do Estado das Fortalezas da Bahia, pelo Coronel de Engenheiros Henrique de Beaurepaire Rohan, ao Presidente da Província da Bahia, Cons. Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, em 3 de Agosto de 1863. RIGHB. Bahia: Vol. III, nr. 7, mar/1896. p. 51-63.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.


FORTE DE SÃO MARCELO - Baia de Todos os Santos

História

FORTE SE SÃO MARCELO

Antecedentes
 primitiva concepção desta fortificação remonta a 1608 com risco do engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita. Alguns autores, porém, atribuem o seu risco inicial ao engenheiro-mor de Portugal, o cremonense Leonardo Torriani, em 1605. Encontra-se figurada por João Teixeira Albernaz, o velho em "um retângulo de pergaminho em que se vê o projeto de edifício e do forte sobre a lajem do porto, que se há de fazer. Quem soerguer este retângulo de pergaminho vê a dita lajem desenhada na folha maior", a ser artilhado com seis peças, no formato de polígono quadrangular regular (Planta da cidade de Salvador, na Bahia de Todos os Santos, 1612. In: Livro que dá Razão do Estado do Brazil, c. 1616. Biblioteca Pública Municipal do Porto). Num outro exemplar da mesma obra, o referido projeto já está definitivamente incorporado ao desenho da planta (Planta da Cidade de Salvador, na Bahia de todos os Santos, 1616Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro), o que indica que o início da sua construção é posterior a 1612.

Terminado em 1623, no Governo-Geral de D. Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624), esteve inicialmente artilhado com dezenove peças de diversos calibres (BARRETTO, 1958:174). Durante a invasão holandesa de 1624, foi a primeira praça ocupada pelos conquistadores, que dele dispararam as balas incendiárias que aterrorizaram os moradores da cidade, facilitando a invasão. Anos mais tarde, entre Abril e Maio de 1638, durante a tentativa de invasão do Conde Johan Maurits van Nassau-Siegen (1604-1679), também teve papel decisivo, logrando manter a esquadra holandesa a distância.
Ficheiro:Planta norte da cidade do Salvador - Bahia.jpg
Planta Norte da Cidade do Salvador - Abramar

Século XVII

Dentro do contexto da Guerra da Restauração da independência de Portugal, e da campanha pela expulsão dos neerlandeses da Região Nordeste do Brasil (Insurreição Pernambucana), a reconstrução deste forte foi determinada pela Carta-régia de 4 de Outubro de 1650 (SOUSA, 1885:93), durante o Governo-Geral de João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa (1649-1654), atendendo o (...) quanto convinha fazer-se um forte no baixo surgidouro dessa Bahia, reforçando a defesa proporcionada pela Bateria da Ribeira, o Forte de São Paulo da Gamboa e o Forte de São Pedro, com os quais cruzava fogos.
Com risco e técnicas vindas do reino, possivelmente inspirado no Forte de São Lourenço do Bugio (onde se desenvolvia nova etapa construtiva entre 1643-1657), a nova obra, a cargo do engenheiro francês Filipe Guiton, iniciou-se ainda em 1650, pela construção de um enrocamento em torno do recife, com pedras de arenito extraídas da pedreira da Preguiça (no Sodré) e de Itapagipe, transportadas em barcaças. Concluído em 1652, o interior do enrocamento passou a ser preenchido com pedra calcárea oriunda do lastro dos navios do Reino, aqui carregados com açúcar e madeira de lei. Guiton trabalhou nestas obras até falecer, em 1656. Nesta altura, inciava-se a muralha do torreão em pedra de granito, oriundo do Recôncavo baiano. No ano seguinte (1657), o seu conterrâneo Pedro Garcin, que até então trabalhava nas fortificações da capitania de Pernambuco, assumiu as obras deste forte. Uma notícia, datada de 1661, quando o forte passou à invocação de São Marcelo, dá conta de que a muralha do torreão central ainda se encontrava incompleta, faltando um lance para atingir a altura projetada, concluída no ano seguinte, quando se erguia a 15 metros acima donível do mar. Em 1664 encontravam-se em progresso a cisterna ao centro do torreão e os compartimentos dos doze quartéis, com as entradas voltadas para o exterior, onde as barcaças seguiam despejando as pedras que formavam o terrapleno circular envolvente. No ano de 1670 um relatório, dirigido ao governador-geral Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça (1671-1675), dava conta do progresso dos trabalhos no Forte de Nossa Senhora do Pópulo. Nesta ocasião, o engenheiro militar Antônio Correia Pinto inspecionou as obras e passou a dirigir os trabalhos de construção, sendo o perímetro do terrapleno envolvente aumentado para cerca de 220 metros de circunferência.

Século XVIII


Forte de São Marcelo, Salvador: cais de acesso e portão de armas vistos do mar.
Um pouco antes da invasão francesa de Jean-François Duclerc ao Rio de Janeiro (Agosto-Setembro de 1710), expondo as fragilidades da defesa colonial, um relatório de 17 de Junho desse ano, de autoria do mestre-de-campo de Infantaria, Miguel Pereira Costa, criticava o projeto executado no forte do Pópulo, propondo soluções. No escopo do projeto de defesa de Salvador da autoria do Brigadeiro João Massé (John Massey1713), eram propostas novas modificações para aumento do poder de fogo deste forte. Atendendo a essas sugestões, em 1717, o vice-rei D. Pedro Antônio de Noronha Albuquerque e Sousa (1714-1718), iniciou-lhe trabalhos de ampliação do terrapleno envolvente aumentado em cerca de meio metro de altura e para cerca 241 metros de circunferência, estando concluídos com as novas canhoneiras do torreão ("bateria alta") e da plataforma do terrapleno ("bateria baixa"), em 1728, no governo do vice-Rei e Capitão-General-de-Mar-e-Terra do Estado do Brasil, D. Vasco Fernandes César de Meneses (1720-1735), conforme placa epigráfica sobre o portão de entrada.
O forte encontra-se representado em iconografia do Capitão José Antônio Caldas na "Notícia Geral de toda esta Capitania da Bahia desde o descobrimento até o prez.te ano de 1759", quando se encontrava artilhado com cinquenta e quatro peças de ferro e bronze de diversos calibres (ver também "Planta e fachada do forte do Mar Nossa Senhora do Populo, e S. Marcelo". In: "Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra", c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
Trabalhos de reforma são concluídos nas dependências do forte em 16 de Agosto de 1772. Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 4. Forte do Mar ("Elevaçam e fasada que mostra em prospeto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos", 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos, novamente com o perfil da cidade do Salvador, pelo capitão José Francisco de Sousa (1782), e também, em iconografia de Luiz dos Santos Vilhena(1798).
Ficheiro:Planta da Restituição da BAHIA, por João Teixeira Albernaz, capitania de Portugal.jpg
(Albernaz, 1631)a primitiva traça do forte 

A Independência do Brasil No contexto das Guerras Napoleônicas, o forte encontrava-se artilhado com quarenta e cinco peças de ferro e bronze de diversos calibres (1803). No contexto da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil, as defesas costeiras da colônia foram inspecionadas e reforçadas. Naquele momento, quando da passagem do príncipe-regente por Salvador (1808), o forte contava com quarenta e seis peças de ferro e bronze de diversos calibres (GARRIDO, 1940:89).

Em 1810, um relatório de inspeção preparado por uma comissão chefiada pelo brigadeiro Galeão e integrada pelo Coronel Manoel Rodrigues Teixeira, o tenente-coronel José Francisco de Sousa, o Capitão Joaquim Vieira da Silva e o Engenheiro João Teixeira Leal (autor das ilustrações), apontava a necessidade de erguer um anel perimetral no terrapleno envolvente, com altura igual à do torreão central. Na ocasião, a bateria alta encontrava-se artilhada com dezesseis peças de ferro e quatro de bronze de diversos calibres, enquanto que na bateria baixa computavam-se vinte e nove peças de ferro montadas em seus reparos e uma de bronze, um antigo pedreiro e dois morteiros. Atendendo às recomendações desse relatório, desenvolveram-se obras de remodelação no forte, entre 1810 e 1812, a cargo de D. Marcos de Noronha e Brito, obras que conferiram a atual configuração ao forte. Naquele último ano, a sua artilharia estava reduzida a quarenta e seis peças de ferro e bronze de diversos calibres.

Da Independência à República


Forte de São Marcelo, Salvador: acesso.
Durante o século XIX o forte esteve envolvido na maioria dos conflitos políticos em Salvador:
A partir de 1855 as dependências do forte foram entregues ao Ministério da Marinha. Nesse período, foi instalado um farol de sinalização, destinado a auxiliar a movimentação de embarcações no porto de Salvador. Este pequeno farol operou por um século, de 1857 a 1957.
O forte não escapou ao olhar crítico do Imperador D. Pedro II (1840-1889), que registrou em seu diário de viagem: "6 de Outubro [de 1859] - (...) As iluminações das casas que eu vejo daqui estão bonitas, e principalmente a do Forte do Mar que de dia parece um empadão. Está aí o depósito de pólvora, ameaçando a cidade, (...)" (PEDRO II, 2003:55). E, em visita, dias mais tarde, registrou:
"29 de outubro - Saí às 6 1/2 e fui ao forte de São Marcelo ou do Mar. Custou a atracar e quando a ressaca é forte não se pode fazê-lo. O forte é circular, com um fosso interno em parte ocupado por diversas plantas e um quintalzinho e que separa a muralha do corpo central, igualmente circular, e coberto por abóbada que ajunta água, numa cisterna. Tem trinta peças e igual número de praças cujo alojamento assim como as outras acomodações são más, por acanhadas e muito pouco arejadas. Encontrei a seguinte inscrição sobre o portão interno: 'Vascus? (não pude ler bem) Fernandes Cesar Menesius totius Brasiliae auspicatissimus Prorex hanc arcem fine coronavit anno octavo ab apprehenso claro et a Christo nato 1728' [Vasco Fernandes César Menezes, muito auspicioso Vice-rei de todo o Brasil, coroou esta cidade no oitavo ano de seu governo e no de 1728 do nascimento de Cristo]" (PEDRO II, 2003:166).
A função de Depósito de Pólvora se manteve até 1861. No contexto da Questão Christie (1862-1865), sofreu alguns reparos. O Relatório do Estado das Fortalezas da Bahia ao Presidente da Província(3 de Agosto de 1863), dá-o como reparado, citando:
"Demora no meio do porto desta Cidade, defronte do Arsenal de Marinha e a 760 braças do Forte da Gamboa, que lhe fica a N. É circular, à barbeta, com o desenvolvimento de 1.212 palmos e monta 30 peças de calibre 32.
Está pronto; mas convém que o terrapleno do lado de terra seja cimentado, completas as guardas das rampas, outras ligeiras reparações e substituição de ferragens do portão e janelas" (ROHAN, 1896:51, 58-59).
Passou, a partir desse ano (1863), a ser utilizado como Quartel da Companhia de Aprendizes Marinheiros, estando artilhado em 1865 com trinta peças de ferro e bronze de diversos calibres.
Voltou a ser subordinado ao Ministério da Guerra em 1880, quando sofreu reparos para acantonar um destacamento de Artilharia (GARRIDO, 1940:90). Sobre o portão de entrada, o escudo de armas do Império foi mutilado após a proclamação da República (1889), quando a coroa monárquica foi substituída por uma estrela de cinco pontas. Serviu novamente como prisão até 1900, aí tendo sido detidos à época, militares, autoridades e estudantes relapsos e/ou indisciplinados.

Do século XX aos nossos dias


Forte de São Marcelo, Salvador: o forte visto do mar.
O forte foi utilizado para bombardear novamente a cidade de Salvador, agora juntamente com o Forte do Barbalho e com o Forte de São Pedro (10 de janeiro de 1912), no contexto da Política das Salvações do Presidente da República, Hermes da Fonseca (1910-1914). Na ocasião foram alvejados o palácio do governador estadual[1], a Prefeitura Municipal, o Teatro de São João (GARRIDO, 1940:92) e a Biblioteca Pública de Salvador, que se incendiou, com a perda de importantes documentos históricos do Arquivo Público da Bahia.
De 1912 a 1915 esteve artilhado com canhões Krupp 75mm L/28 e de 8 c/c e Withworth, guarnecido por um destacamento do 4º Batalhão de Posição (GARRIDO, 1940:90). Retornou à jurisdição do Ministério da Marinha, que nela alojou uma Companhia de Fuzileiros Navais, sua artilharia salvando nos dias feriados ainda em 1926 (GARRIDO, 1940:90). À época desse autor (1940) funcionavam nas dependências do forte um pequenofarol e um posto semafórico (op. cit., p. 90).
Encontra-se tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 23 de Maio de 1938, tendo se procedido a recuperação docais de atracação (escada externa) em 1942. Entre 1965 e 1967, a Prefeitura Municipal de Salvador, sob orientação do Patrimônio Histórico, procedeu a alguns reparos.
Ficheiro:Salvador 1 detalhe Porto Centro Histórico.png
Forte São Marcelo, Salvador: localização.
No período de 1978 a 1983 foram procedidos alguns trabalhos de restauração pelo IPHAN, visando a instalação do Museu Arqueológico do Mar, voltado para o modelismo naval e a arqueologia submarina, com acervo do Serviço de Documentação da Marinha e o apoio do 2º Distrito Naval, o que não se materializou. Por apresentar fissuras nas paredes, suas dependências internas foram novamente restauradas em 1989. Para os aficionados da telecartofilia, sua vista aérea ilustra umcartão telefônico da série Fortes de Salvador, emitida pela Telebahia em junho de 1998.
Recentemente, em 2000, o cais de atracação foi novamente recuperado, com a instalação de uma plataforma flutuante para comodidade de acesso de visitantes.
Reaberto à visitação pública desde 12 de Novembro de 2004, encontra-se requalificado com atividades culturais, de lazer e de turismo, envolvendo uma parceria público-privada entre o Governo do Estado da Bahia e a Associação Brasileira dos Amigos das Fortificações Militares e Sítios Históricos (ABRAF).

Características


Forte de São Marcelo, Salvador: corredor interno.
Com uma área total construída de 2.500 metros quadrados, o seu projeto original, em estilo renascentista, visava melhor resistir às correntes e àsmarés, permitindo o tiro em qualquer direção na defesa da cidade e porto do Salvador, cruzando fogos com o Fortim de São Fernando (que deu lugar ao prédio da Associação Comercial em 1818) e ao Forte de São Paulo da Gamboa.
A sua estrutura, em cantaria de arenito até a linha d'água e o restante em alvenaria de pedra irregular, é integrada por um torreão central com planta em forma circular com as dimensões de 15 metros de altura por 36 metros de diâmetro (cerca de 145 metros de circunferência), um pátio de 10 metros de largura, que separa a torre de um anel perimetral de planta aproximadamente circular (achatada na direção leste voltada para a cidade) com 15 metros de largura (cerca de 241 metros de circunferência). O piso do anel perimetral tem altura de 15 metros acima do terrapleno (exceto na direção leste voltada para a cidade que é de 12 metros, unidos por duas rampas opostas, a Norte e a Sul). Até 1810 o Forte era formado por um torreão central guarnecido por troneiras e um terrapleno com troneiras que o circundava. Essa disposição o tornava vulnerável, pois a pequena altura do torreão tornava a bateria da praça alta de tiro um alvo fácil das embarcações inimigas. Sob o torreão ficam a cisterna, o calabouço, a capela, o armazém da pólvora e os quartéis que a partir da construção da nova praça alta de tiro sobre o terrapleno perimetral se transformaram em celas. Sobre a nova construção ficam o corpo da guarda, a cozinha e os quartéis da guarda e do comandante. Estas salas, retangulares, têm cobertura emabóbada de berço, e, exceto as situadas à direita do portão de entrada, não tem comunicação entre si, apenas o vão da porta que se abre para o corredor circular separando o anel perimetral do terrapleno central.

Notas

  1.  IPAC - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Palácio Rio Branco (em português). Página visitada em 30 de junho de 2009.

NOTA ABRAMAR - Recentemente a fortaleza encontra-se fechada e na guarda do IPHAN. 

A ABRAF não teve a sua concessão renovada. Tramitam também ações no Ministerio Publico por não prestação de contas das verbas arrecadadas pela ABRAF.

A fortaleza necessita com urgência da sua recuperação estrutural, sua fundação não foi recuperada pela ABRAF e nem tampouco pelo IPHAN, com sérios riscos de danos ao patrimônio publico.

 Bibliografia

  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • FALCÃO, Edgard de Cerqueira. Relíquias da Bahia (Brasil). São Paulo: Of. Gráficas Romili e Lanzara, 1940. 508 p. il. p/b
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • OLIVEIRA, Mário Mendonça de. As Fortificações Portuguesas de Salvador quando Cabeça do Brasil. Salvador: Omar G., 2004. 264 p. il.
  • PEDRO II, Imperador do BrasilViagens pelo Brasil: Bahia, Sergipe, Alagoas, 1859-1860 (2ª ed.). Rio de Janeiro: Bom Texto; Letras e Expressões, 2003. 340 p. il.
  • ROHAN, Henrique de Beaurepaire. Relatorio do Estado das Fortalezas da Bahia, pelo Coronel de Engenheiros Henrique de Beaurepaire Rohan, ao Presidente da Província da Bahia, Cons. Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, em 3 ago. 1863. RIGHB. Bahia: Vol. III, nr. 7, mar/1896. p. 51-63.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.




Forte de Monte Serrat

O atual forte

O Governador Geral João de Lencastre (1694-1702), fez reedificar o primitivo fortim, em alvenaria de pedra e cal, edificado com planta do Engenheiroflorentino Baccio da Filicaia (GARRIDO, 1940:94). Os trabalhos só foram concluídos, entretanto, em 1742, sob o governo do Vice-rei D. André de Melo e Castro (1735-1749)
De acordo com iconografia de José Antônio Caldas (Planta e prospeto do forte de N. Srª de Monserrate. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764Arquivo Histórico UltramarinoLisboa), a sua estrutura apresentava planta no formato de um polígono hexagonal irregular, com parapeitos à barbeta e, nos vértices,guaritas circulares recobertas por cúpulas. No terrapleno, pelo lado do portão de acesso, observa-se uma edificação de dois pavimentos, abrigando as dependências de serviço (Casa de ComandoQuartel da TropaCasa da Palamenta, e outras), e a cisterna. Originalmente o seu acesso se dava por uma ponte levadiça entre a rampa e o terrapleno, e o Corpo da Guarda tinha, no pavimento térreo, dois quartéis flanqueando a entrada.
Também se encontra representado em uma iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 1. Monserrate (Elevaçam e fasada que mostra em prospeto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos.

O século XIX

SOUZA (1885), reporta que em 1809 estava artilhado com nove peças (op. cit., p. 95). Acredita-se que esse autor tenha se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, naquele ano, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo (in: ACCIOLI. Memórias Históricas da Bahia. Vol. VI. p. 179 e segs.). BARRETTO (1958) discrimina essa artilharia como sendo oito peças de calibre 18 libras e uma de 12 (op. cit., p. 177).
Durante a Sabinada (1837-1838), foi ocupado pelos revoltosos, que empregaram, para esse fim, o paquete Brasília, que fizeram artilhar com duas peças. Em resposta, a Marinha Imperial enviou uma força de sessenta fuzileiros navais, em quatro lanchas da fragata Imperial Marinheiro, que tentaram desembarcar na praia de Boa Viagem, a 13 de março de 1838, sendo repelidos por intenso fogo deartilharia e de fuzis. No dia seguinte, o forte sofreu um bloqueio naval pela própria Imperial Marinheiro, pela corveta Regeneração e pelo brigue Três de Maio. Ao mesmo tempo, por terra, um destacamento do Exército Brasileiro completou o cerco da posição, que, sob o fogo cruzado legalista, se entregou.
Foi visitado em 1859 pelo Imperador D. Pedro II (1840-1889), que registrou em seu diário de viagem:
"28 de Outubro - (...) Daí [do Lazareto] fui ao forte de Monserrate que jaz abandonado, tendo se picado a inscrição que existia sobre o portão. Tem bela vista e o Przewodowski, que mora perto, disse que ninguém morreu ainda aí de febre amarela ou de cólera." (PEDRO II, 2003:161)
No contexto da Questão Christie (1862-1865), o "Relatório do Estado das Fortalezas da Bahia" ao Presidente da Província, datado de 3 de agosto de 1863, dá-o como reparado, citando:
"(...) Sua configuração é a dum hexágono com o desenvolvimento de 485 palmos, à barbeta e montando atualmente seis peças de calibre 18.
Está bem conservada, limpa e tem as acomodações precisas para o material e pessoal.
Deve-se pois considerar este Forte em estado de prestar os serviços que lhe são próprios; sendo somente de notar que não esteja armado com artilharia de maior calibre, como convém à sua posição e distância relativa aos outros fortes." (ROHAN, 1896:51, 60-61)
SOUZA (1885) computa-lhe três peças, desmontadas, com os parapeitos das muralhas em bom estado, à época (1885) (op. cit., p. 95).

Bibliografia

  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • OLIVEIRA, Mário Mendonça de. As Fortificações Portuguesas de Salvador quando Cabeça do Brasil. Salvador: Omar G., 2004. 264 p. il.
  • PEDRO II, Imperador do BrasilViagens pelo Brasil: Bahia, Sergipe, Alagoas, 1859-1860 (2ª ed.). Rio de Janeiro: Bom Texto; Letras e Expressões, 2003. 340 p. il.
  • ROHAN, Henrique de Beaurepaire. Relatorio do Estado das Fortalezas da Bahia, pelo Coronel de Engenheiros Henrique de Beaurepaire Rohan, ao Presidente da Província da Bahia, Cons. Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, em 3 ago. 1863. RIGHB. Bahia: Vol. III, nr. 7, mar/1896. p. 51-63.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.